Relato Parto Ravi
A gravidez do Ravi como a dos outros, não foi planejada, e acredito que foi a que mais assustou. Mas sempre quis ter 3 filhos, então ele já era esperado, e muito amado.
Dessa vez eu tinha outro plano de saúde, e escolhi uma médica que já conhecia bem e confiava, e claro, pensava em fazer parto domiciliar.
Aparentemente era uma gravidez tranquila, até que quando chegou mais ou menos nas 22 semanas de idade gestacional fui fazer minha primeira consulta com as enfermeiras, minhas parteiras queridas, a Bruna e a Mari.
Na consulta, revendo todos os exames identificaram que eu estava com Diabete Gestacional. Conversaram bastante comigo, falaram dos riscos, dos cuidados que eu deveria ter para manter o plano do parto domiciliar, e até falaram sobre indução caso descontrolasse a glicemia e a gestação chegasse a 41 semanas.
Confesso que a noticia da Diabete Gestacional me abalou bastante, e me apavorou quando comentaram da indução, pois se fosse pelo convenio seria na Maternidade que tive a Catarina, e não queria meu parto lá.
O Jeito era começar uma dieta e aumentar a atividade física, eu já estava fazendo aula de dança do ventre desde o inicio da gravidez no estúdio Lazuli com a querida Sarah, e comecei a fazer caminhada próximo de casa e aos finais de semana ia em parques com as crianças, fora os exercícios que já fazia no consultório com minha pacientes, sempre aproveitava esses momentos.
Procurei uma nutricionista, a Ana Carolina Port, que foi mais que uma nutricionista, mas me deu muito apoio também.
E comecei a anotar minha glicemia. Fiz também o teste de curva glicêmica com 24 semanas, tudo sempre dando valores normais de glicemia.
Também procurei o posto de saúde próximo de casa e comecei a fazer o pré-natal por lá, caso o parto tivesse que ser hospitalar preferia que fosse pela maternidade do SUS. A principio as consultas no posto foram a cada 15 dias, até após aferir a glicemia todos os dias, 4 vezes por dia, nenhum das vezes que aferi deu alterada.
Por volta de 30 semanas eu acho, passei por consulta com Dr. Caio, me ajudou muito em mais uma gestação. Ele pediu alguns exames adicionais, para ver se estava tudo bem comigo e com Ravi.
Também fui atrás da minha doula, não foi a mesma que foi a do Ícaro, pois meu coração pedia alguém que estivesse com mais contato, que de alguma forma eu estava mais ligada nesse momento, e foi ai que chamei a Ana (descanse seus sentidos) para ser minha doula.
Com 37 semanas fui encaminhada para Maternidade do SUS e lá comecei a fazer o pré-natal. E junto fazia o pré-natal com as minhas parteiras, tudo certo seguia o planejamento para o parto domiciliar.
Comecei meu pré natal na maternidade e tudo ia bem. Fiz a primeira consulta, na véspera de completar 37 semanas, fiz cardiotoco e tudo mais, e tudo normal. Na segunda consulta, nas vésperas de 38 semanas, a glicemia de jejum normal e a glicemia uma hora após me alimentar lá deu alterada, fiquei preocupada, mas fiz a cardiotoco e estava tudo bem com Ravi. Cheguei a aferir a glicemia em casa algumas vezes, de jejum, após café da manhã e após almoço ou janta, e nada alterado.
Estava tranquila e seguindo o plano para o parto domiciliar, já que era apenas uma medição alterada.
Naquela semana comecei a sentir algumas contrações, percebi que o tampão mucoso estava começando a sair, finalizei as ultimas compras para o parto e para chegada do Ravi. Tinha já planejado que na próxima consulta ia pedir a licença maternidade, pois sentia que estava chegando a hora e queria também ficar um pouco com Catarina e Ícaro, já que eles estavam no final das férias deles. Também precisava deixar mais ou menos esquematizado o aniversario da Catarina que estava próximo.
Na terceira consulta a véspera de completar 39 semanas, no dia 23/01/2019, ao aferir minha glicemia de jejum estava normal, mas a minha após me alimentar deu alterada novamente. Fiz cardiotoco e esperei pela consulta com medico.
Um residente que me atendeu, conversou comigo, e foi discutir o caso, nesse tempo eu planejava com meu marido o dia em família e o que faltava fazer.
Quando a residente voltou, ela explicou da glicemia, e falou sobre indução. Na hora que ela falou, pensei “capaz dele nascer antes”... porém ela disse “ Amanhã vc vem com as suas coisas e do bebê e já interna”. Eu: “ Como assim??? Amanhã??? Precisa mesmo ser amanhã?? Foram duas glicemias alteradas, não tem como esperar mais um pouco??“ Lembro até hoje a cara que ela fez, me deu os papeis e falou, está marcado para amanhã!
Sai de lá arrasada, liguei para minhas parteiras, falei com o Caio. Enfim, cheguei em casa e só sabia chorar. Ainda tinha muitas coisas para fazer em apenas um dia.
O meu maior choque não foi o parto passar de domiciliar para hospitalar, eu tinha consciência que isso poderia acontecer, sabia também da possibilidade de indução, mas não esperava ter que induzir de um dia para o outro.
Aquele dia foi um dos piores dias que já tive, uma angustia, um sentimento de raiva, difícil de descrever o sentimento, mas esse sentimento teve consequências para meu parto e meu puerperio. Tinha todo um planejamento, tinha uma família inteira para organizar, não tinha planejado onde eu deixaria meus filhos, mesmo porque era para eles estarem comigo em casa. Não tinha mala nenhuma pronta. Tinha as coisas para ao parto domiciliar prontas, a lona para piscina, as fraldas e toalhas, primeira roupa logo que ele saísse, o espaço para colocar a banheira. E em menos de um dia, eu tinha que arrumar tudo, ver onde Catarina e Ícaro iriam ficar, onde ia ficar o cachorro, roupa para todos, então eram 4 malas para serem feitas.
Acho que talvez se os médicos escutassem um pouco a gente e se ao menos eles soubesse o tanto que tudo isso impacta a vida da mulher, talvez tivessem um pouco mais de cuidado ao falar, e explicasse melhor o real risco, e não simplesmente falado marcado para amanhã, ainda em pé, querendo me despachar rapidamente. Sei que é uma maternidade publica, muitos pacientes para atender, mas sei que um pouco de atenção e sem se mostrar ansiosa para me dispensar, teria feito grande diferença em todo o contexto.
Pensei em varias vezes em não ir para indução, pensei seriamente. O ultimo ultrassom estava normal, o tamanho e peso do Ravi dentro do esperado, foram duas glicemias alteradas, não entrava e não entra na minha cabeça até hoje a necessidade dessa indução.
Dia 24/01/2020 fui para maternidade para iniciar a indução. Fui contrariada, não querendo ir, mas não tinha apoio na minha decisão de não ir (meu marido ou minha mãe), então não queria assumir o risco sozinha.
Quem foi comigo foi minha mãe, ela ia ficar comigo no começo para depois trocar com meu marido, ela seria melhor no inicio, pois sabia que poderia demorar e sei que o @sobrevivendocomos3 não teria tanta paciência.
Cheguei na maternidade fui atendida por um residente da saúde da família, eu ainda estava bem chateada com o processo de indução (na verdade acho que nunca “desfiquei” chateada rsrsrs). E esse residente logo na primeira consulta conversou comigo tentando me tranquilizar.
Fui colocada no quarto, a medica @tmantovanib, que é um amor de pessoa, conversou bastante comigo também, me tranquilizando. Uma enfermeira que eu já conhecida (@danieladaltoso) e também uma pessoa maravilhosa, veio conversou comigo, me acalmou também e perguntou como eu queria o parto (isso é perguntados para todos e é umas das coisas melhores coisas que uma maternidade pode fazer, conhecer a mãe e respeitar). Começamos o processo de indução, foi colocado o primeiro comprimido, e depois comecei a caminhar, fazia exercícios, colocava musica, dançava um pouco, ficava de ponta cabeça. Enfim, fazia de tudo. E Nada!!
Foi colocado o Segundo comprimido e a mesma coisa. Nada!!!!!! Terceiro comprimido e Nada!!
No meio da tarde meu marido trocou com minha mãe. E a partir dai não poderia trocar mais.
No fim de tarde, eu estava com 3 cm de dilatação (mesma coisa de quando internet) e sem contração. Nesse momento lembro que fui caminhar sozinha, e chorava muito, foi quando o mesmo residente que me atendeu quando internei me viu e começou a conversar comigo, me perguntar por que chorava, expliquei que estava sem nenhuma contração, enfim, conversando com ele consegui ficar mais calma.
Quando voltei para o quarto tinha internado uma menina no leito do meu lado. Ela estava com muita dor, a mãe dela sem saber oque fazer. Ela ainda de roupa, não tinha colocado a camisola do hospital. Cheguei perto dela, conversei um pouco e comecei a fazer massagem na menina, e acho que ajudou tanto ela, que ela toda hora pediu para eu fazer quando começava as contrações. A mãe da menina coitada, sem saber o que fazer, tentava fazer a massagem para me poupar, mas a menina sentia mais alivio quando eu fazia, expliquei para mãe que eu era fisioterapeuta e trabalhava nessa área, e que eu não estava tendo contração, que podia ficar tranquila que não estava me atrapalhando. Sugeri para menina ir ao chuveiro, que aliviaria um pouco mais a dor, liguei o chuveiro para ela e acabei me molhando inteira. O mesmo residente foi me procurar e me achou no banheiro, ele vinha verificar se eu estava tendo contração.
O residente assustou e achou até engraçado, conversou comigo e fez à dinâmica, acho que esse foi o único momento que eu estava tendo contrações , acredito que foi porque distrai, , dei trégua para os sentimentos ruins que sentia por estar induzindo (sim, mesmo estando lá e decidindo ir induzir ainda sentia muita raiva, angustia, enfim, não sei explicar). Mas o que mais me marcou no atendimento desse residente, foi da nossa conversa, a tranquilidade que ele me passava, isso me deu força para continuar, mas era o ultima dia dele lá.
Eu estava com contração, mas ainda não eram contrações efetivas. Então quando deram 22 horas me mandaram descansar para continuar no outro dia. Fui para outro quarto, cheguei a dormir, acordei as 2 horas da madrugada com contração, levante, resolvi andar um pouco, mas percebi que as contrações não estavam tão regulares, então tomei um banho e resolvi deitar novamente e ai as contrações pararam.
No dia seguinte às 7 horas me chamaram para voltar o processo de indução, iam colocar mais um comprimido. Acordei animada, cheguei a mandar msg para todos que ia tentar me desligar de tudo e focar ali, em mim e no Ravi.
Porém para minha surpresa quem iria ficar no plantão o dia inteiro seria a residente que me atendeu na ultima consulta do pré-natal, nesse momento todo aquele sentimento que eu estava tentando me livrar, voltaram a tona, não conseguia olhar para ela. Nesse dia, não tinha animo para caminhar, fiquei praticamente o dia todo dentro do quarto. Não tinha motivação. Foi ai que o que mais desejava naquele momento era minha doula, alguém para me dar um suporte emocional, como eu precisava disso. Meu marido ficou o tempo todo comigo, mas não era a mesma coisa, precisava de uma energia feminina ali comigo, alguém para me ajudar a acreditar que eu ia conseguir.
A doula fez muita, mas muita falta!!!
Sei que o dia passou, foi colocado o segundo, terceiro, quarto comprimido do dia e nada de contração. Chegou à noite, comecei a desesperar, segundo dia de indução, já se considera realizar a cesárea, e eu tinha muito medo de passar por uma cesárea. Como eu ia dar conta de cuidar de duas crianças, um recém nascido com uma cesárea!!
Meu desespero foi tanto que comecei a mandar msg para um monte de gente, a ligar, pedir ajuda, o que mais precisaria fazer, qualquer coisa para entrar em trabalho de parto ( e olha que tinha feito já de tudo!!!!).
Até a noite, acredito que por volta de umas 21 horas chegou uma amiga, @daniellaleiros, ela conseguiu entrar na maternidade, veio no meu quarto, conversou comigo, me posicionou, fez uma massagem usando também algum óleo essencial (não lembro bem). Nessa hora a residente veio fazer dinâmica comigo, era mesma do pré-natal, ela ficou aquele dia o dia inteiro comigo. Nesse momento a Daniella estava conversando comigo, e comecei a falar do que eu estava sentindo, sei que na hora falei que tinha muita raiva, e muita raiva da residente, na hora a residente olhou para mim e perguntou porque, ai expliquei, e parece que depois disso até saiu um peso de mim, e foi muito bom, porque foi essa residente que continuou a noite toda comigo.
Eu comecei a ter contrações, mas ainda poucas, mas estava já com 5 cm de dilatação, ai vieram conversar comigo sobre as condutas que poderiam ser realizadas e oque eu queria fazer.
Nesse momento uma das opções que eu tinha era começar a induzir com ocitocina. Aceitei, pois tinha medo de passar por um cesárea. E então por volta da meia noite começamos com a ocitocina.
As 2 horas da madrugada já não aguentava mais de dor, estava bem cansada, já tinha tentando de tudo, bola, banho, massagem. E então pedi a analgesia. Estava com 7 cm. Depois da analgesia, consegui descansar um pouco e por volta das 4 e pouco da madrugada voltaram a avaliar, ainda estava com 7 cm, e já começava a sentir as dores da contração novamente. Então, conversaram comigo para estourar minha bolsa, a principio fiquei receosa, mas era mais por causa da dor, que estava intensa novamente. Mas aceitei, estouraram a bolsa, eram umas 6/7 horas da manhã (não lembro ao certo, mas lembro que foi perto da troca de plantão), e foi realizado um repique da analgesia. Logo comecei a sentir a pressão no períneo, não sentia a dor, mas sentia a pressão. Sai da cama e fui para bola, e fiquei lá até a pressão ficar mais forte.
Logo as dores voltaram, mas a pressão na região do períneo e a vontade de fazer força parece que faz a dor não ser tão intensa (ou era efeito da analgesia, porém lembro do parto do Ícaro esse momento era o momento que a dor não era tão intensa, mas a sensação de pressão do períneo era maios). Neste momento, avaliaram e como eu, logo que internei falei que gostaria de ter na banqueta, me ofereceram a banqueta e sentei na banqueta.
E as 9:30 mais ou menos o Ravi nasceu!!!
Não foi um parto como idealizei, mas a todo momento durante a minha indução me senti bastante respeitada.
Confesso que ainda não aceitei muito bem essa indução, mas todo atendimento na maternidade durante o processo de indução e parto e no puerpério foram excelente. Não consigo colocar todos os nomes das pessoas que me atenderam, ma ajudaram, me auxiliaram porque com certeza irei esquecer alguém, mas sou extremamente grata a todos!!
Dessa vez eu tinha outro plano de saúde, e escolhi uma médica que já conhecia bem e confiava, e claro, pensava em fazer parto domiciliar.
Aparentemente era uma gravidez tranquila, até que quando chegou mais ou menos nas 22 semanas de idade gestacional fui fazer minha primeira consulta com as enfermeiras, minhas parteiras queridas, a Bruna e a Mari.
Na consulta, revendo todos os exames identificaram que eu estava com Diabete Gestacional. Conversaram bastante comigo, falaram dos riscos, dos cuidados que eu deveria ter para manter o plano do parto domiciliar, e até falaram sobre indução caso descontrolasse a glicemia e a gestação chegasse a 41 semanas.
Confesso que a noticia da Diabete Gestacional me abalou bastante, e me apavorou quando comentaram da indução, pois se fosse pelo convenio seria na Maternidade que tive a Catarina, e não queria meu parto lá.
O Jeito era começar uma dieta e aumentar a atividade física, eu já estava fazendo aula de dança do ventre desde o inicio da gravidez no estúdio Lazuli com a querida Sarah, e comecei a fazer caminhada próximo de casa e aos finais de semana ia em parques com as crianças, fora os exercícios que já fazia no consultório com minha pacientes, sempre aproveitava esses momentos.
Procurei uma nutricionista, a Ana Carolina Port, que foi mais que uma nutricionista, mas me deu muito apoio também.
E comecei a anotar minha glicemia. Fiz também o teste de curva glicêmica com 24 semanas, tudo sempre dando valores normais de glicemia.
Também procurei o posto de saúde próximo de casa e comecei a fazer o pré-natal por lá, caso o parto tivesse que ser hospitalar preferia que fosse pela maternidade do SUS. A principio as consultas no posto foram a cada 15 dias, até após aferir a glicemia todos os dias, 4 vezes por dia, nenhum das vezes que aferi deu alterada.
Por volta de 30 semanas eu acho, passei por consulta com Dr. Caio, me ajudou muito em mais uma gestação. Ele pediu alguns exames adicionais, para ver se estava tudo bem comigo e com Ravi.
Também fui atrás da minha doula, não foi a mesma que foi a do Ícaro, pois meu coração pedia alguém que estivesse com mais contato, que de alguma forma eu estava mais ligada nesse momento, e foi ai que chamei a Ana (descanse seus sentidos) para ser minha doula.
Com 37 semanas fui encaminhada para Maternidade do SUS e lá comecei a fazer o pré-natal. E junto fazia o pré-natal com as minhas parteiras, tudo certo seguia o planejamento para o parto domiciliar.
Comecei meu pré natal na maternidade e tudo ia bem. Fiz a primeira consulta, na véspera de completar 37 semanas, fiz cardiotoco e tudo mais, e tudo normal. Na segunda consulta, nas vésperas de 38 semanas, a glicemia de jejum normal e a glicemia uma hora após me alimentar lá deu alterada, fiquei preocupada, mas fiz a cardiotoco e estava tudo bem com Ravi. Cheguei a aferir a glicemia em casa algumas vezes, de jejum, após café da manhã e após almoço ou janta, e nada alterado.
Estava tranquila e seguindo o plano para o parto domiciliar, já que era apenas uma medição alterada.
Naquela semana comecei a sentir algumas contrações, percebi que o tampão mucoso estava começando a sair, finalizei as ultimas compras para o parto e para chegada do Ravi. Tinha já planejado que na próxima consulta ia pedir a licença maternidade, pois sentia que estava chegando a hora e queria também ficar um pouco com Catarina e Ícaro, já que eles estavam no final das férias deles. Também precisava deixar mais ou menos esquematizado o aniversario da Catarina que estava próximo.
Na terceira consulta a véspera de completar 39 semanas, no dia 23/01/2019, ao aferir minha glicemia de jejum estava normal, mas a minha após me alimentar deu alterada novamente. Fiz cardiotoco e esperei pela consulta com medico.
Um residente que me atendeu, conversou comigo, e foi discutir o caso, nesse tempo eu planejava com meu marido o dia em família e o que faltava fazer.
Quando a residente voltou, ela explicou da glicemia, e falou sobre indução. Na hora que ela falou, pensei “capaz dele nascer antes”... porém ela disse “ Amanhã vc vem com as suas coisas e do bebê e já interna”. Eu: “ Como assim??? Amanhã??? Precisa mesmo ser amanhã?? Foram duas glicemias alteradas, não tem como esperar mais um pouco??“ Lembro até hoje a cara que ela fez, me deu os papeis e falou, está marcado para amanhã!
Sai de lá arrasada, liguei para minhas parteiras, falei com o Caio. Enfim, cheguei em casa e só sabia chorar. Ainda tinha muitas coisas para fazer em apenas um dia.
O meu maior choque não foi o parto passar de domiciliar para hospitalar, eu tinha consciência que isso poderia acontecer, sabia também da possibilidade de indução, mas não esperava ter que induzir de um dia para o outro.
Aquele dia foi um dos piores dias que já tive, uma angustia, um sentimento de raiva, difícil de descrever o sentimento, mas esse sentimento teve consequências para meu parto e meu puerperio. Tinha todo um planejamento, tinha uma família inteira para organizar, não tinha planejado onde eu deixaria meus filhos, mesmo porque era para eles estarem comigo em casa. Não tinha mala nenhuma pronta. Tinha as coisas para ao parto domiciliar prontas, a lona para piscina, as fraldas e toalhas, primeira roupa logo que ele saísse, o espaço para colocar a banheira. E em menos de um dia, eu tinha que arrumar tudo, ver onde Catarina e Ícaro iriam ficar, onde ia ficar o cachorro, roupa para todos, então eram 4 malas para serem feitas.
Acho que talvez se os médicos escutassem um pouco a gente e se ao menos eles soubesse o tanto que tudo isso impacta a vida da mulher, talvez tivessem um pouco mais de cuidado ao falar, e explicasse melhor o real risco, e não simplesmente falado marcado para amanhã, ainda em pé, querendo me despachar rapidamente. Sei que é uma maternidade publica, muitos pacientes para atender, mas sei que um pouco de atenção e sem se mostrar ansiosa para me dispensar, teria feito grande diferença em todo o contexto.
Pensei em varias vezes em não ir para indução, pensei seriamente. O ultimo ultrassom estava normal, o tamanho e peso do Ravi dentro do esperado, foram duas glicemias alteradas, não entrava e não entra na minha cabeça até hoje a necessidade dessa indução.
Dia 24/01/2020 fui para maternidade para iniciar a indução. Fui contrariada, não querendo ir, mas não tinha apoio na minha decisão de não ir (meu marido ou minha mãe), então não queria assumir o risco sozinha.
Quem foi comigo foi minha mãe, ela ia ficar comigo no começo para depois trocar com meu marido, ela seria melhor no inicio, pois sabia que poderia demorar e sei que o @sobrevivendocomos3 não teria tanta paciência.
Cheguei na maternidade fui atendida por um residente da saúde da família, eu ainda estava bem chateada com o processo de indução (na verdade acho que nunca “desfiquei” chateada rsrsrs). E esse residente logo na primeira consulta conversou comigo tentando me tranquilizar.
Fui colocada no quarto, a medica @tmantovanib, que é um amor de pessoa, conversou bastante comigo também, me tranquilizando. Uma enfermeira que eu já conhecida (@danieladaltoso) e também uma pessoa maravilhosa, veio conversou comigo, me acalmou também e perguntou como eu queria o parto (isso é perguntados para todos e é umas das coisas melhores coisas que uma maternidade pode fazer, conhecer a mãe e respeitar). Começamos o processo de indução, foi colocado o primeiro comprimido, e depois comecei a caminhar, fazia exercícios, colocava musica, dançava um pouco, ficava de ponta cabeça. Enfim, fazia de tudo. E Nada!!
Foi colocado o Segundo comprimido e a mesma coisa. Nada!!!!!! Terceiro comprimido e Nada!!
No meio da tarde meu marido trocou com minha mãe. E a partir dai não poderia trocar mais.
No fim de tarde, eu estava com 3 cm de dilatação (mesma coisa de quando internet) e sem contração. Nesse momento lembro que fui caminhar sozinha, e chorava muito, foi quando o mesmo residente que me atendeu quando internei me viu e começou a conversar comigo, me perguntar por que chorava, expliquei que estava sem nenhuma contração, enfim, conversando com ele consegui ficar mais calma.
Quando voltei para o quarto tinha internado uma menina no leito do meu lado. Ela estava com muita dor, a mãe dela sem saber oque fazer. Ela ainda de roupa, não tinha colocado a camisola do hospital. Cheguei perto dela, conversei um pouco e comecei a fazer massagem na menina, e acho que ajudou tanto ela, que ela toda hora pediu para eu fazer quando começava as contrações. A mãe da menina coitada, sem saber o que fazer, tentava fazer a massagem para me poupar, mas a menina sentia mais alivio quando eu fazia, expliquei para mãe que eu era fisioterapeuta e trabalhava nessa área, e que eu não estava tendo contração, que podia ficar tranquila que não estava me atrapalhando. Sugeri para menina ir ao chuveiro, que aliviaria um pouco mais a dor, liguei o chuveiro para ela e acabei me molhando inteira. O mesmo residente foi me procurar e me achou no banheiro, ele vinha verificar se eu estava tendo contração.
O residente assustou e achou até engraçado, conversou comigo e fez à dinâmica, acho que esse foi o único momento que eu estava tendo contrações , acredito que foi porque distrai, , dei trégua para os sentimentos ruins que sentia por estar induzindo (sim, mesmo estando lá e decidindo ir induzir ainda sentia muita raiva, angustia, enfim, não sei explicar). Mas o que mais me marcou no atendimento desse residente, foi da nossa conversa, a tranquilidade que ele me passava, isso me deu força para continuar, mas era o ultima dia dele lá.
Eu estava com contração, mas ainda não eram contrações efetivas. Então quando deram 22 horas me mandaram descansar para continuar no outro dia. Fui para outro quarto, cheguei a dormir, acordei as 2 horas da madrugada com contração, levante, resolvi andar um pouco, mas percebi que as contrações não estavam tão regulares, então tomei um banho e resolvi deitar novamente e ai as contrações pararam.
No dia seguinte às 7 horas me chamaram para voltar o processo de indução, iam colocar mais um comprimido. Acordei animada, cheguei a mandar msg para todos que ia tentar me desligar de tudo e focar ali, em mim e no Ravi.
Porém para minha surpresa quem iria ficar no plantão o dia inteiro seria a residente que me atendeu na ultima consulta do pré-natal, nesse momento todo aquele sentimento que eu estava tentando me livrar, voltaram a tona, não conseguia olhar para ela. Nesse dia, não tinha animo para caminhar, fiquei praticamente o dia todo dentro do quarto. Não tinha motivação. Foi ai que o que mais desejava naquele momento era minha doula, alguém para me dar um suporte emocional, como eu precisava disso. Meu marido ficou o tempo todo comigo, mas não era a mesma coisa, precisava de uma energia feminina ali comigo, alguém para me ajudar a acreditar que eu ia conseguir.
A doula fez muita, mas muita falta!!!
Sei que o dia passou, foi colocado o segundo, terceiro, quarto comprimido do dia e nada de contração. Chegou à noite, comecei a desesperar, segundo dia de indução, já se considera realizar a cesárea, e eu tinha muito medo de passar por uma cesárea. Como eu ia dar conta de cuidar de duas crianças, um recém nascido com uma cesárea!!
Meu desespero foi tanto que comecei a mandar msg para um monte de gente, a ligar, pedir ajuda, o que mais precisaria fazer, qualquer coisa para entrar em trabalho de parto ( e olha que tinha feito já de tudo!!!!).
Até a noite, acredito que por volta de umas 21 horas chegou uma amiga, @daniellaleiros, ela conseguiu entrar na maternidade, veio no meu quarto, conversou comigo, me posicionou, fez uma massagem usando também algum óleo essencial (não lembro bem). Nessa hora a residente veio fazer dinâmica comigo, era mesma do pré-natal, ela ficou aquele dia o dia inteiro comigo. Nesse momento a Daniella estava conversando comigo, e comecei a falar do que eu estava sentindo, sei que na hora falei que tinha muita raiva, e muita raiva da residente, na hora a residente olhou para mim e perguntou porque, ai expliquei, e parece que depois disso até saiu um peso de mim, e foi muito bom, porque foi essa residente que continuou a noite toda comigo.
Eu comecei a ter contrações, mas ainda poucas, mas estava já com 5 cm de dilatação, ai vieram conversar comigo sobre as condutas que poderiam ser realizadas e oque eu queria fazer.
Nesse momento uma das opções que eu tinha era começar a induzir com ocitocina. Aceitei, pois tinha medo de passar por um cesárea. E então por volta da meia noite começamos com a ocitocina.
As 2 horas da madrugada já não aguentava mais de dor, estava bem cansada, já tinha tentando de tudo, bola, banho, massagem. E então pedi a analgesia. Estava com 7 cm. Depois da analgesia, consegui descansar um pouco e por volta das 4 e pouco da madrugada voltaram a avaliar, ainda estava com 7 cm, e já começava a sentir as dores da contração novamente. Então, conversaram comigo para estourar minha bolsa, a principio fiquei receosa, mas era mais por causa da dor, que estava intensa novamente. Mas aceitei, estouraram a bolsa, eram umas 6/7 horas da manhã (não lembro ao certo, mas lembro que foi perto da troca de plantão), e foi realizado um repique da analgesia. Logo comecei a sentir a pressão no períneo, não sentia a dor, mas sentia a pressão. Sai da cama e fui para bola, e fiquei lá até a pressão ficar mais forte.
Logo as dores voltaram, mas a pressão na região do períneo e a vontade de fazer força parece que faz a dor não ser tão intensa (ou era efeito da analgesia, porém lembro do parto do Ícaro esse momento era o momento que a dor não era tão intensa, mas a sensação de pressão do períneo era maios). Neste momento, avaliaram e como eu, logo que internei falei que gostaria de ter na banqueta, me ofereceram a banqueta e sentei na banqueta.
E as 9:30 mais ou menos o Ravi nasceu!!!
Não foi um parto como idealizei, mas a todo momento durante a minha indução me senti bastante respeitada.
Confesso que ainda não aceitei muito bem essa indução, mas todo atendimento na maternidade durante o processo de indução e parto e no puerpério foram excelente. Não consigo colocar todos os nomes das pessoas que me atenderam, ma ajudaram, me auxiliaram porque com certeza irei esquecer alguém, mas sou extremamente grata a todos!!